sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Papel da mídia na política é alvo de críticas após atentados contra democracia

24/10/2014 13:41
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo

A manifestação que "lacrou" a Rede Globo transcorreu pacificamente
Há mais de um ano, manifestantes já protestavam contra a ação da mídia conservadora e em defesa da democracia brasileira

No amanhecer desta segunda-feira, com o resultado das urnas já consolidado, a sociedade brasileira estará diante da realidade construída no processo democrático, com o Congresso mais conservador dos últimos 40 anos, fruto da sementeira de ódio que apodreceu na mídia conservadora. Ainda na tentativa de curar os ferimentos causados por uma das campanhas mais selvagens dos últimos embates eleitorais, caberá à sociedade civil questionar – de uma vez por todas – o papel dos veículos de comunicação ligados ao capital internacional, no horizonte político brasileiro e, segundo jornalistas experimentados reproduzem em suas colunas, nesta sexta-feira, encontrar uma forma de reparar os danos causados à democracia pela série de atentados cometidos.
O último deles, com autoria reivindicada pela revista semanal de ultradireita Veja, para o ex-diretor da publicação Paulo Moreira Leite, em seu blog, “expressa uma tradição vergonhosa pela finalidade política, antidemocrática pela substância”. Trata-se de um texto sobre supostas declarações do doleiro Alberto Yousseff, negadas por seus advogados, à revista situada na marginal do Tietê, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidenta da República, Dilma Rousseff, candidata à reeleição, teriam ciência da roubalheira cometida por uma quadrilha alojada na estatal Petrobras.
“Numa tradição que confirma a hipocrisia das conversas de palanque sobre alternância de poder, os escândalos eleitorais costumam ocorrer no país sempre que uma candidatura identificada com os interesses da maioria dos brasileiros ameaça ganhar uma eleição. Não tivemos ‘balas de prata’ – nome que procura dar ares românticos a manobras que são apenas sujas e vergonhosas – para impedir as duas eleições de Fernando Henrique Cardoso nem a vitória de Fernando Collor. Mas tivemos tentativas de golpes midiáticos na denúncia de uma ex-namorada de Lula em 1989; no terror financeiro contra Lula em 2002; na divulgação ilegal de imagens de reais e dólares clandestinos dos aloprados; e numa denúncia na véspera da votação, em 2010, para tentar comprometer Dilma Rousseff com dossiês sobre adversários do governo”, lembra o jornalista.
Neste ano, com a candidata Dilma Rousseff à frente nas pesquisas eleitorais, a revista de tendências fascistas chega às bancas, antecipadamente, com uma acusação de última hora contra a presidenta e contra Lula, que comentou com o jornalista:
Veja é a maior fábrica de mentiras do mundo. Assim como a Disney produz diversão para as crianças, a Veja produz mentiras. Os brinquedos da Disney querem produzir sonhos. As mentiras da Veja querem produzir ódio.
“Para você ter uma ideia do nível da barbaridade, basta saber que, logo no início, admite-se que só muito mais tarde, através de uma investigação completa, que ninguém sabe quando irá ocorrer, se irá ocorrer, nem quando irá terminar, ‘se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são culpadas’. Não é só. Também se admite que Yousseff “não apresentou provas do que disse”, segue Moreira Leite. “Não se ouviu o outro lado com a atenção devida, nem se considerou os argumentos contrários com o cuidado indispensável numa investigação isenta. O que se quer é corromper a eleição, através de um escândalo sob encomenda, uma farsa óbvia e mal ensaiada. Insinua o que não pode dizer, fala o que não pode demonstrar, afirma o que não conferiu nem pode comprovar”.
Ainda segundo o autor, apenas “o mais descarado interesse pelos serviços políticos-eleitorais que poderia prestar na campanha presidencial permitiu a recuperação de um personagem como Alberto Yousseff. Recapitulando: há uma década ele traiu um acordo de delação premiada numa investigação sobre crimes financeiros, e jamais poderia ter sido levado a sério em qualquer repartição policial, muito menos numa redação de jornalistas, antes que cada uma de suas frases, cada parágrafo, cada palavra, fosse submetida a um trabalho demorado de investigação. Até lá, deveria ser colocada sob suspeita. Mas não. Um depoimento feito há 48 horas, contestado pelo advogado, por um cidadão que não é conhecido por falar a verdade, virou capa de revista. Que piada”.
“Essas distorções oportunistas cobram um preço alto para a soberania popular. Não há almoço grátis — também na política (…). A imprensa erra e fabrica erros sem risco algum, o que só estimula uma postura arrogância e desprezo pelos direitos do eleitor. Imagine você que hoje, quando a própria revista admite que publicou uma denúncia que não pode provar, é possível encontrar colunistas que já falam em impeachment de Dilma. Está na cara que eles já perderam a esperança de eleger Aécio”, acrescentou.
Este comportamento da mídia, segundo o jornalista, “prepara o caminho de sua destruição na forma que existe hoje. Como se não bastassem os números vergonhosos do Manchetômetro, que demonstram uma postura parcial e tendenciosa, o golpe da semana só fará aumentar o número de cidadãos e de instituições convencidos de que a sobrevivência da democracia brasileira depende, entre outras coisas, que se cumpra a legislação que regula o funcionamento da mídia. Está claro que este será um debate urgente a partir de 2015″.
Pilantra
O coordenador nacional do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, jornalista Altamiro Borges, também lembra, em seu blog, que “Alberto Youssef, que está preso desde março – há mais de seis meses, portanto – chega a quatro dias da eleição, para o seu milésimo interrogatório na Polícia Federal – que parece, aliás, uma instituição dirigida pela Editora Abril – e, sem mais nem porque, faz-se-lhe uma pergunta extremamente precisa: qual era o ‘nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras’. E o doleiro, ‘um bandido profissional’ como o define o juiz Sérgio Moro – diz, sem mais circunstâncias: ‘O Planalto sabia de tudo’.
– Quem no Planalto? – pergunta o delegado e ele:
– Lula e Dilma!
“Que primor! Que pérola de jornalismo, que espetáculo de responsabilidade! Nem o advogado do doleiro, íntimo dos tucanos, confirma a história e diz que ninguém de sua equipe ouviu Youssef dizer isso. O curioso é que Fábio Barbosa, presidente da empresa que edita a Veja esteve sentado na cadeira de Conselheiro de Administração da Petrobrás durante quase todo o tempo (2003 e 2011) em que Paulo Roberto Costa foi diretor e apresentou-lhe contas, e não sabia de nada. Um pilantra de quinta categoria, várias vezes condenado – e agora, ao que parece, destinado a ser absolvido de tudo, inclusive da lavagem de dinheiro de drogas, como foi, esta semana – diz, está dito”, acrescentou Braga.
“E o nosso ministro Dias Tóffoli, pobre alma simplória, vai promovendo reuniões para os candidatos não se atacarem na campanha… E se, por acaso, o TSE condena a Veja a dar direito de resposta a quem a acusa, acorre, pressuroso, o Ministro Gilmar Mendes para derrubar a decisão e dizer: não, não, viva a liberdade de imprensa… Vivemos num país onde a mídia pratica, impune, banditismo, não jornalismo. E isso, infelizmente, ao contrário da brincadeira com a capa da Veja, não é piada”, pontua.
Ódio da direita
Com as últimas pesquisas Datafolha e Ibope mostrando o avanço de Dilma Rousseff na reta final, o desespero ataca os simpatizantes da candidatura de direita. Dilma abriu uma vantagem entre 6 e 8 pontos: 54% x 46% (Ibope) ou 53% x 47% (Datafolha). Para o jornalista Rodrigo Vianna, em seu blog, “a perspectiva da derrota deixa o aparato conservador ainda mais ouriçado. O ódio não brotou da terra. Foi insuflado por colunistas insanos, comentaristas gagos, ex-cineastas e ex-roqueiros apopléticos, blogueiros dementes, revistas da marginal e marginais de revista. Todos eles sob o comando da Globo“.
“Pelas redes sociais, surgem (dos núcleos duros do tucanato) propostas de impeachment de Dilma. Nessa reta final, os conservadores (apopléticos com o avanço de Dilma) promoveram um baile de bruxas na avenida Faria Lima, esparramando ódio pelas sarjetas do luxuoso shopping Iguatemi em São Paulo”, acrescenta.
Ainda segundo Vianna, “embalado nessa onda, em São Paulo e no sul surge um lamentável discurso contra ‘pobres’, ‘favelados’, ‘nordestinos’ – toda essa ‘raça’ que ‘gosta de votar no PT’. A soma do ódio com a arrogância elitista desemboca agora num ensaio golpista. A oposição brasileira prepara um discurso muito parecido ao discurso da oposição venezuelana: ‘acabou’, ‘fora’, ‘não aguentamos mais’. Não é um discurso de quem pretenda conviver dentro da ordem democrática. Mas de quem flerta com o golpe e a desestabilização. Essa elite perversa tentou envergonhar o Brasil na Copa. Perdeu! Tentou incendiar o Brasil nas eleições. Vai perder!”, prevê.
Segundo o jornalista, porém, “é preciso estabelecer pontes e diálogo. Nem todo eleitor de Aécio é preconceituoso. Ouso dizer que a maioria não é. Mas o núcleo duro do tucanato e da oposição aposta no ódio. (…) A onda conservadora será derrotada nas urnas. Precisamos agora derrotá-la também na sociedade”, conclui.
Assista ao vídeo com a resposta da presidenta Dilma Rousseff:




quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Especuladores vão derrubar a Bolsa de Valores nestes próximos dias

21/10/2014 13:19
Por Marilza de Melo Foucher - de Paris

mercado financeiro
As ações tendem a despencar nas bolsas de valores, por força da especulação

Pitaco de uma modesta economista que tanto usa de referências marxistas como keneysianas:
Preparem-se para a queda colossal na Bolsa de Valores de São Paulo! Como os especuladores não podem mais liquidar a candidata Dilma Rousseff (PT), e impedir o povo de votar nela, eles recomeçam com as ameaças ao Brasil… País a forte risco! Cuidado! As bolsas brasileiras afundam! O mercado está em pânico!
O que devemos saber é que isto é pura especulação. Não é apenas essa economia baseada no capital especulativo que é valida para o desenvolvimento de uma nação. A utilidade maior desta economia virtual é de servir aos grandes capitalistas que especulam no mercado das ações.
A verdadeira economia é aquela que gera renda, trabalho e investimentos em país. Esta é a verdadeira economia, que chamamos de economia real. Por exemplo, se o povo vota na Dilma será a economia real que vencera. Depois a bolsa voltara normalmente a subir. Daí nada de acreditar nos ilusionistas de calamidades nacionais.
A “economia real” é um termo usado para descrever a atividade econômica fora de seu lado especulativo, ou seja, fora do mundo das finanças e do mercado de ações segundo o francês Patrick Viveret. Ela se caracteriza pela criação de valor agregado real representada pela atividade relativa as empresas, aos assalariados, aos empregados das industrias e as operações de compra e venda de bens “reais”. O capitalismo financeiro precisa da real economia para sobreviver. O resto é pura especulação.
Estes que afundam a bolsa de valores no Brasil e no mundo, são os querem a vitoria de Aécio, são os legítimos defensores da ideologia neoliberal. Eles fazem chantagem para criar o pânico e o descrédito no Brasil, querem colocar um aliado no poder, tendo em vista que o Brasil hoje é um ator importante na cena internacional. A única coisa que preocupa aos especuladores e os ideólogos da ideologia neoliberal é que o Brasil deixou de ser um ator submisso, o Brasil hoje defende uma cooperação baseada na reciprocidade, o Brasil de Lula e Dilma têm voz em todas as instâncias multilaterais e faz parte do novo desenho deste mundo multipolar. Para os detentores do capital especulativo, donos de bancos privados a vitoria do carneirinho Aécio seria a melhor solução para que eles voltem a ter o controle do mercado brasileiro.
É Dilma 13 e viva o Brasil soberano, porém solidário com a América do Sul, e por um desenvolvimento geopolítico inclusivo.

Marilza de Melo Foucher é doutora em Economia, jornalista e correspondente do Correio do Brasil em Paris.

domingo, 12 de outubro de 2014

Dilma denuncia “golpe” da mídia mas segue como sua principal anunciante

11/10/2014 17:57
Por Redação - de Brasília, Porto Alegre e São Paulo

Dilma e Tarso se abraçam em ato público no Rio Grande do Sul, onde ambos denunciaram a existência de um "golpe" contra a democracia brasileira
Dilma e Tarso se abraçam em ato público no Rio Grande do Sul, onde ambos denunciaram a existência de um “golpe” contra a democracia brasileira

A denúncia de que há golpe contra a democracia brasileira em marcha, promovido por setores da extrema direita que controla os principais diários e concessões públicas de rádio e TV no país, subiu neste sábado às manchetes dos jornais acusados, na tangente, de promover a tentativa de derrubada do governo. A denúncia da presidenta da República e candidata petista à reeleição, Dilma Rousseff, reforçada por declarações no mesmo sentido do governador gaúcho Tarso Genro (PT) e de um dos seus coordenadores de campanha Miguel Rossetto, não mereceu uma linha sequer no noticiário internacional, seja nos jornais alinhados ao espectro da direita norte-americana, seja na mídia da esquerda francesa, britânica e alemã. O assunto também mergulhou na internet brasileira, nas últimas 24 horas, reduzindo-se a alguns pitacos em blogs e comentários resumidos nas redes sociais.
Para chegar à conclusão que um movimento desse naipe segue firme na intenção de apeá-la do poder, no entanto, a presidenta Dilma não precisou contar com os préstimos de seu serviço de Inteligência ou apelar aos organismos de segurança. Bastou ler as manchetes dos mesmos diários, que neste sábado consignaram suas denúncias, para constatar que, desde a Era Getúlio Vargas, um cartel midiático formado por aqueles mesmos jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV alinhados a Washington, monta guarda contra o avanço das forças progressistas no país. Tal constatação, porém, não impediu o governo petista de carrear bilhões de reais aos cofres destas mesmas organizações que agora, durante a crise do capitalismo mundial, dependem mais do que nunca do patrocínio estatal para cobrir suas despesas.
Passadas 24 horas da denúncia presidencial, os veículos de comunicação ligados ao “golpe” seguiram veiculando, normalmente, a publicidade estatal que é, atualmente, uma das maiores fontes de recursos para esse tipo de mídia. Não houve, segundo o Correio do Brasil apurou junto aos principais meios de comunicação conservadores – acusados de cumplicidade na tentativa de interrupção do processo democrático no país – qualquer movimento por parte da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, de suspensão dos contratos publicitários ou da veiculação de propaganda federal. O Núcleo de Mídia da Presidência da República, procurado pela reportagem do CdB, não respondeu aos telefonemas.
A denúncia da candidata petista, por sua vez, não deixou dúvidas quanto à existência de uma espécie de partido político, formado pela mídia patronal, que divulga, em uníssono, as denúncias sem provas de um diretor corrupto e um doleiro marginal – ambos criminosos confessos – contra o seu governo.
Eles sempre querem dar um golpe – refletiu a presidenta, referindo-se aos adversários do PSDB e aos donos dos meios de comunicação ligados ao partido.
Para a mandatária, o vazamento das denúncias, em plena campanha, prova que “estão mesmo dando um golpe eleitoral”.
– Quem começou essa investigação fomos nós, enquanto eles tinham um filiado ao PSDB na chefia da Polícia Federal e um procurador-geral que era o engavetador geral da República. Nós não concordamos com o uso eleitoreiro de processos de investigamos que nós começamos. Nós desenvolvemos. Porque a Polícia Federal passou a ser um órgão de investigação a partir dos nossos governos – defendeu-se Dilma.
E prosseguiu:
– Quem era nos últimos quatro anos do PSDB, quem era o diretor-geral da Polícia Federal? Era aparelhado, era um militante filiado do PSDB. Eles aparelharam a Polícia Federal. Por isso a Polícia Federal investigou pouco, descobriu pouco, prendeu pouco.
Depois, bateu pesado na oposição e na mídia conservadora:
– Eles destilam ódio. Eles destilam mentiras. Nós temos que responder com a verdade e a esperança.
Conspiração
Se a candidata petista havia deixado alguma dúvida quanto à ação da mídia conservadora na tentativa de um golpe na democracia brasileira, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) foi mais direto. Em sua conta pessoal no Twitter, apontou uma “conspiração política em curso para manipular a vontade eleitoral no segundo turno”. Genro afirmou que a campanha Dilma deve reagir e denunciar o golpismo midiático que embala “essa conspiração”.
E acrescentou:
“Acusações sem provas à beira da eleição, feita por ladrão confesso é manipulação do processo eleitoral com ajuda da mídia que protege Aécio”.
Para o governador gaúcho, novo caso envolvendo a Petrobras foi preparado para estourar agora, reforçar Aécio, abafar o caso do aeroporto envolvendo o candidato tucano e esquecer o episódio da compra de votos para a reeleição de FHC.
Manchetes
Para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, que deixou o cargo para coordenar a campanha da presidenta Dilma, o caso é ainda mais sério.
“Está em curso uma gravíssima tentativa de manipular a eleição presidencial no Brasil. A quinze dias das eleições, justamente no dia do primeiro programa eleitoral do segundo turno, um vídeo de um criminoso investigado é vazado de forma parcial e mal intencionada. O que diz neste vídeo? Que o preso ouvia nos corredores da Petrobrás que o PT se beneficiaria de dinheiro de contratos da empresa. Quais as provas que apresenta? Nenhuma! Quais os casos concretos que relaciona? Nenhum!”, exclama o ministro, em recente artigo divulgado na mídia independente.
“Baseado nisto, num fragmento de depoimento de um presidiário que relata boatos, a grande imprensa estampa manchetes de brutais ataques ao PT. Manchetes que negaram sistematicamente no caso do Metrô Paulista do PSDB com um desvio bilionário descoberto em uma investigação internacional”, aponta Rossetto, referindo-se ao escândalo internacional que envolve as empresas Alstom e Siemens no pagamento de propina a altos executivos do governo paulista, ligados aos tucanos.
Mesmo sem qualquer atitude imediata, diante dos fatos expostos pela presidenta Dilma Rousseff, e o governador Tarso Genro, o coordenador da campanha Miguel Rossetto afirma que “é preciso dar um basta a este tipo de política. Fazem isto porque não podem discutir com o povo suas propostas para o País. Propostas que geram desemprego, recessão e privatização como sempre fizeram quando estiveram no poder”.
Como nenhum veículo de comunicação foi citado, diretamente, os jornais, rádios e emissoras de TV procurados pela reportagem do Correio do Brasil preferiram não fazer qualquer pronunciamento acerca das denúncias.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dilma enfrenta seu pior desafio no segundo turno contra Aécio Neves

6/10/2014 13:52
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro

Pessoal da limpeza deixava tudo pronto para o discurso da presidenta, na noite desta segunda-feira
Pessoal da limpeza deixava tudo pronto para o discurso da presidenta, na noite desta segunda-feira
Atual presidenta da República, Dilma Rousseff (PT) está diante do desafio mais difícil de sua vida, se quiser permanecer no cargo, mostraram as urnas neste último domingo. Após uma campanha no primeiro turno em que se dividiu entre um aceno à esquerda e o abraço ao agronegócio, Dilma chega para a disputa com o preferido dos conservadores, Aécio Neves (PSDB), que comemoram a vitória do ex-militar Jair Bolsonaro (PP), como campeão de votos, no Rio, e o crescimento expressivo da bancada de parlamentares na Câmara Federal, com expoentes da ultradireita como Luiz Carlos Heinze (PP-RS). Os bilhões de reais investidos na tentativa da candidata petista em fazer as pazes com a mídia hegemônica seguiram para o ralo, uma vez que os meios de comunicação ligados à direita trabalharam para que o segundo escrutínio da opinião brasileira ocorresse exatamente com o representante tucano, apesar da festa em torno da candidata Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade). O estrago causado pela ação midiática em peso a favor dos candidatos do campo reacionário chegou a causar atritos na direção da campanha petista e levou a presidenta, pela primeira vez em seus quatro anos de governo, a convidar blogueiros da esquerda para uma coletiva.
Na balança eleitoral, Aécio Neves atrai pesos pesados da indústria, dos bancos e dos segmentos mais anacrônicos da sociedade brasileira que, nas urnas, demonstraram um vigor além do previsto nas pesquisas de opinião. Estas, aliás, ainda estão tentando compreender onde erraram. A diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, negou nesta segunda-feira que o instituto de pesquisa tenha errado tanto assim nos resultados, após o crescimento repentino de Neves (PSDB), que superou Marina Silva com ampla vantagem e foi para o segundo turno com a candidata do PT.
– Essa era uma eleição com mais incertezas. Sabíamos disso desde as manifestações de junho do ano passado – disse Cavallari, a jornalistas.
Na última pesquisa Ibope, divulgada no sábado, Aécio aparecia com 27% dos votos válidos, contra 24% de Marina. Dilma mantinha a liderança com 46%. Segundo afirmou, a diferença dos resultados de domingo para as últimas pesquisas em alguns Estados não foi captada porque o eleitor mudou de ideia até o último minuto.
– Nossa última pesquisa havia mostrado um crescimento do Aécio. Esse movimento continuou após o fim da pesquisa, por isso o resultado oficial foi diferente. O eleitor teve um interesse tardio por essa eleição – disse.
A próxima pesquisa deve ser divulgada na quinta-feira, em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo e a Rede Globo. Até o fim do segundo turno, devem ser divulgadas até quatro pesquisas e, dessa vez, os institutos esperam captar de forma mais precisa a opinião dos eleitores que, ao mesmo tempo em que elegeram os representantes da direita reacionária, também souberam valorizar as bandeiras à esquerda do PSOL, com mais de 1,5 milhão de votos para a candidata Luciana Genro. Na noite passada, Genro diz que o partido ainda vai decidir se apoia a presidenta Dilma Rousseff no segundo turno. Genro afirmou que as bandeiras defendidas por sua campanha, como os direitos civis da população LGBT e a taxação de grandes fortunas, continuam pendentes e que os candidatos que foram para o segundo turno não irão resolver os problemas do país. No Rio, o campeão de votos do PSOL, Marcelo Freixo, já adiantou que fará campanha pela candidata à reeleição, enquanto Jair Bolsonaro, de ultradireita, já mergulha nas hostes tucanas, garantindo seu voto a Aécio Neves.
Veja, na tabela, como ficou a composição da Câmara dos Deputados:
partidos, tse
Fonte:TSE
Derrota no Parlamento
No total, 28 partidos elegeram deputados federais, mas a base aliada da presidenta emagreceu, após as eleições deste domingo. O PT continua com a maior bancada nominal, segudo do PMDB e do PSDB, que saiu vitaminado das urnas. Os resultados ainda poderão ser alterados, por conta dos processos em andamento na Justiça eleitoral – como no caso do ‘ficha suja’ Paulo Maluf (PP-SP), entre outros. Mas, encerrada a apuração, o quadro das candidaturas pendentes não têm como alterar de maneira significativa a distribuição das cadeiras entre os partidos com representação na Câmara, que aumenta de 22 para 28.
O PT foi a legenda que mais se desidratou, com 18 deputados a menos, enquanto o PSDB elevou sua bancada de 44 para 55 integrantes. A redução no tamanho da bancada petista, porém, é insignificante perto do número de candidatos conservadores nas bancadas eleitas, mesmo naquelas que, supostamente, representam a esquerda. Segundo o jornalista Sérgio Duran escreveu em sua página, em uma rede social, “o PT precisa restaurar a capacidade de diálogo com a população. Dilma não disse ainda o que pretende no segundo mandato. (…) Tem de descer do salto como Lula sempre desceu”.
Eleição polarizada
Para o cientista político Antonio Lassance, em artigo publicado nesta segunda-feira, “um balanço das eleições revela uma disputa acirrada, palmo a palmo, e muito polarizada, em termos políticos, programáticos e sociais”.
“No primeiro turno, houve dois grandes perdedores: Marina Silva e os institutos de pesquisa. Marina perdeu a disputa com Aécio por muito. Todos os institutos mostravam a candidata do PSB à frente, quando ela, de fato, esta muito, mas muito atrás mesmo.
Ibope, Datafolha, Vox Populi e tantos outros, segundo o professor Lassance, “mostraram que andam menos confiáveis que o tarô. Suas margens de erro reais são absurdas. Na quinta-feira, quando sair uma nova rodada de pesquisas, a melhor precaução que se pode ter é deixá-las de lado, para mais e para menos”.
Para o segundo turno, afirma, haverá uma “disputa dura e polarizada em termos programáticos e sociais entre PT e PSDB. Em grande medida, o mapa da disputa reforça a explicação sobre o lulismo, do cientista político André Singer. A hipótese é a de que, com o governo Lula, o PT sofreu um realinhamento político e também social. Principalmente a partir das eleições de 2006, deixou de ser um partido principalmente de classe média e passou a ser um partido cujos votos dependem, sobretudo, dos mais pobres”.
“Por isso, as votações no Nordeste e Norte do país, nas cidades mais pobres do interior e na periferia das grandes cidades garantiram a grande votação de Dilma. Se, em 2010, quando Singer formulou a tese, a principal crítica que poderia ser feita era a de que ainda era cedo para se afirmar tal coisa, as eleições de 2014 insistem em uma tendência que não parece ser mero acaso. O que era uma hipótese, em 2006, virou uma tese difícil de ser desmentida, depois de 2014. Esse realinhamento era tudo o que o PT sempre quis: ser um partido do povão. A contradição das contradições é que, com a transformação do Brasil em um país majoritariamente de classe média, a sorte do PT tende a ficar cada vez mais difícil nas eleições”, afirma.
A única saída se o PT quiser evitar esse movimento de gangorra, segundo o cientista político, em que a aproximação dos mais pobres gera quase que automaticamente um afastamento da classe média, “é evitar essa política de soma zero, em que os pobres ganham e a classe média se considera a grande perdedora – podemos acrescentar a ela os aposentados, uma legião cada vez maior de eleitores. No segundo turno, além de manter o discurso para os pobres, será necessário não só Dilma falar mais para a classe média, como, acima de tudo, sinalizar mudanças efetivas que atendam às suas expectativas”.
“A classe média quer pagar menos impostos, menos juros bancários e de cartões; quer menores mensalidades de escolas e planos de saúde e, a propósito, quer intensificar as políticas regulatórias que incidem sobre a qualidade dos serviços privados (bancos, telefonia e internet, planos de saúde, transportes e mobilidade urbana e aeroviária). Ambos, classe média e o povão, querem mais combate à corrupção e menos denúncias. Dilma segurou sua votação e ajudou a desidratar a candidatura Marina quando a qualificou como uma candidatura dos bancos e feita sob medida para o ‘mercado’. Marina se foi, mas Aécio é quem melhor cabe nesse modelito”.
A presidenta Dilma reforçou seu apelo político quando abraçou o discurso da defesa dos direitos sociais e do emprego, das conquistas dos trabalhadores mais pobres, “como o salário mínimo, da participação e do combate à corrupção”, sublinha. “Aécio está e estará atrelado à defesa do mercado, da redução da inflação a 3% – sem qualquer preocupação com o que isso acarreta na elevação da taxa de desemprego; na obsessão por dizer que vai entregar a Fazenda ao ex-funcionário de George Soros, Armínio Fraga”, acrescenta.
“É disso que se trata. É essa a disputa do segundo turno”, conclui.