quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Kátia Abreu e Caiado disputam a presidência do DEM

Resultado definirá futuro do 2º maior partido da 'oposição'
Grupo de Gilberto Kassab trama aproximar-se do governo
Ala de Rodrigo Maia tenta se manter  distante  do Planalto
Embate final ocorrerá em convenção marcada para março

  Fotos: Divulgação/Folha e ABrLonge dos refletores, o DEM deflagrou uma guerra interna que pulverizou a tentativa de obter pela via da negociação a unidade partidária.

Parceira de infortúnio do PSDB, a segunda maior legenda da oposição balança entre a resistência ao petismo e a Dilma Rousseff e a aproximação com o governo.

Numa tentativa de contemporizar as divergências, os dois grupos negociavam uma troca consensual do comando do partido.

Sob críticas do prefeito paulistano Gilberto Kassab, o deputado Rodrigo Maia (RJ) seria substituído na presidência do DEM pelo senador José Agripino Maia (RN).

Súbito, com o apoio de Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM, Kassab e sua turma deflagraram, sem alarde, um movimento fora do script.

Começaram a recolher assinaturas para fazer da senadora Kátia Abreu (TO) a nova presidente da legenda.

Ao farejar o cheiro de queimado, a ala de Rodrigo Maia pôs-se a articular o nome do deputado Ronaldo Caiado (GO).

Informado sobre o movimento dos dois destacamentos, Agripino Maia tomou distância da infantaria.

Líder do DEM no Senado, Agripino avisara que não aceitaria a “missão” de presidir a agremiação senão por “consenso”.

O primeiro tiro foi disparado pela tropa de Kassab. Acompanhada de Paulo Bornhausen (SC), Katia fez uma incursão na cidade de Goiânia.

Trata-se de um território de Caiado, que preside o DEM em Goiás. O deputado encontrava-se doente, em São Paulo.

Caiado internara-se no hospital Sírio Libanês, para debelar uma infecção que o derrubara. Teve alta no dia 28 de dezembro.

Por ordem médica, permaneceu na capital paulista por mais 15 dias. Depois, seria informado sobre a natureza da investida de Kátia em sua seara.

A senadora e o filho de Jorge Bornhausen reuniram lideranças goianas do DEM para pedir-lhes que assinassem um documento.

Os signatários da peça autorizam a inclusão de seus nomes na chapa encabeçada por Kátia e apóiam a eleição do deputado Marcos Montes (MG) para líder na Câmara.

Abespinhado, Caiado articulou-se com Rodrigo Maia e outros expoentes de seu destacamento. Decidiram erguer barricadas.

Só nesta semana, Caiado já visitou três capitais nordestinas: Aracaju (SE), Recife (PE) e João Pessoa (PB).

Viaja acompanhado do próprio Rodrigo Maia e de dois ‘demos’ baianos: ACM Neto e José Carlos Aleluia.

Na peregrinação, o grupo avisa que, mantida a candidatura de Kátia Abreu, Caiado medirá forças com a ex-amiga.

De resto, empinam o nome de ACM Neto para líder na Câmara, contra Marcos Montes, o mineiro incensado por Kassab e pelos Bornhausen.

A batalha final se dará em 15 de março, data da convenção nacional extraordinária convocada por Rodrigo Maia para deliberar sobre sua sucessão.

A disputa pela liderança na Câmara, agendada para 31 de janeiro, servirá de teste para medir o poder de fogo dos dois pelotões rivais.

Em privado, Caiado resume a natureza do confronto: “Tem gente doida para levar o partido para o governo. Querem entrar pela porta dos fundos do Planalto”.

Deve-se a Kassab a inflexão governista. De olho no espólio de Orestes Quércia, o prefeito tramara a fusão do DEM com o PMDB. Não colou.

Tenta agora desbancar Rodrigo Maia e os aliados dele para desobstruir os canais de diálogo do DEM federal com Dilma, a sucessora de Lula.

Curiosamente, Kassab postou-se na sucessão presidencial ao lado do candidato derrotado José Serra (PSDB). Rodrigo Maia preferia outro tucano, Aécio Neves.

Outra curiosidade: Vice de Serra, o ‘demo’ Índio da Costa, cria de Cesar Maia, o pai de Rodrigo, entra na briga ao lado de Kátia Abreu, a candidata de Kassab.

Mais uma excentricidade: candidata do neogovernista Kassab, Kátia ganhou visibilidade nacional como coveira da CPMF.

Lula ainda traz atravessado na traquéia o sepultamento do tributo. Num comício de Santa Catarina, defendeu: é preciso extirpar o DEM da política brasileira.

Entre quatro paredes, os dois grupos prevêem: na guerra pela presidência do DEM, o grupo que prevalever irá asfixiar a ala derrotada.

Irremediavelmente dividido, o DEM esforça-se para converter o desejo de Lula em realiadade. A legenda caminha para a autoextirpação.

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Escrito por Josias de Souza às 06h52

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tribunal de Justiça de MS derruba censura contra Midiamax no caso Uragano


Celso Bejarano e Éser Cáceres
A Seção Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) restabeleceu a liberdade do jornal Midiamax para publicar reportagens sobre as investigações da Polícia Federal da Operação Uragano, que pôs na cadeia 29 pessoas por suposta ligação com uma quadrilha que fraudava licitações públicas.
A última matéria acerca do assunto, exibida no dia 30 de setembro passado, ganhou esse título: “Puccinelli [governador reeleito] e Girotto [deputado federal eleito] seriam os donos da CGR, empreiteira que domina as obras do Estado”.
A censura caiu porque a Seção Criminal do TJ-MS acatou o agravo regimental em denúncia movido pelos advogados do Midiamax. O recurso levou dois meses para ser apreciado.
A reportagem que citava o governador reeleito e Edson Giroto, deputado federal eleito, como supostos donos da empreiteira CGR foi publicada na tarde do dia 30 de setembro passado e, já às 22 horas daquele dia, com uma liminar , retirada do ar.
O pedido para tirar do ar o material partiu de um recurso judicial movido pelo empreiteiro Carlos Gilberto Recalde, um dos donos da CGR Engenharia Ltda.
Recalde foi uma das 29 pessoas presas na Uragano. Ele foi solto depois e hoje responde processo por suposta participação na quadrilha que fraudava licitações.
O ex-prefeito de Dourados, o vice e 9 dos 12 vereadores também foram presos pela PF durante a operação.
No agravo regimental movido pelos advogados do Midiamax, questionou-se o fato de a censura ter atingido somente o portal de notícias.
”Ao proibir o agravante de divulgar notícias sobre a Uragano e permitir outros veículos “concorrentes” o façam, além de inviabilizar a atividade econômica da empresa jornalística, a enfraquece perante os leitores e o mercado em geral, já que retira de sua pauta assunto de irrelevância jornalística impar, que, contudo, tem sido abordado livremente por outros veículos de informação”, diz trecho do agravo.
O recurso foi acatado pela maioria da Seção Criminal. O desembargador Manoel Mendes Carli foi o relator da causa.
A transcrição das gravações dos diálogos que municiaram as investigações da PF saiu do segredo judicial por um dia, por determinação da Justiça em Dourados. Depois, foi novamente imposto o sigilo pelo TJ-MS.
Assim que caiu o segredo judicial o Midiamax obteve cópias das transcrições e, a partir dali produziu a reportagem sobre a CGR e seus supostos donos.
Na matéria foi publicado um diálogo entre o jornalista Eleandro Passaia, ex-chefe de governo da prefeitura de Dourados, Alziro Moreno, ex-procurador jurídico do município e Zé Humberto, um engenheiro da prefeitura.
Eis um trecho da conversa, registrada no inquérito da PF número 96-2010.
Passaia: Hum! É verdade que a CGR é do André?
Alziro: André.
Passaia: Do governador?
Zé Humberto: Dele e do Giroto.
Passaia: Giroto? E aquele Gilberto, o que que é? Testa de ferro?
Alziro: Não. É sócio.
Zé Humberto: É sócio. É sócio majoritário. Gilberto tá podre de rico. Começou com essa loja aí, a... há trinta e tantos anos atrás.
Passaia: E, caramba.
Zé Humberto: Aqui tudo é do Giroto... da Vale Velho, antiga Vale Velho.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Operação Vintém: Giroto pode ser intimado durante sua diplomação nesta sexta-feira

MIDIAMAX NEWS
Eliane Souza
 
O ex-secretário estadual de Obras de Mato Grosso do Sul, Edson Giroto participa nesta sexta-feira da cerimônia de diplomação de deputado federal, cargo que foi eleito, em cerimônia no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande, à partir das 18h30. 

Durante o evento ele pode receber a visita de oficiais de justiça enviados para intimá-lo como réu em ação movida depois da Operação Vintém da Polícia Federal, onde Giroto e o governador reeleito André Pucinelli, do PMDB, foram acionados juridicamente em ação de reparação de danos. Oficiais de Justiça tentam intimar Giroto desde outubro, mas não conseguem. E ele mora em Campo Grande. 

Os dois estariam implicados numa trama que incriminou o ex-deputado estadual Semy Ferraz, do PT, durante o período eleitoral de 2006. No carro de um assessor do petista, segundo a PF, puseram santinhos e notas de R$ 20. 


O advogado Celso Pereira da Silva, defensor do ex-deputado Semy Ferraz, protocolizou na tarde desta quinta-feira um pedido para que Edson Giroto seja citado pelo oficial de Justiça na cerimônia além do horário previsto no artigo 172 do Código Penal Processual (Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas). 

Porém o § -  diz que: "Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano." 

O documento foi protocolizado para encaminhamento ao juiz da 13ª Vara Civil da Comarca de Campo Grande. Juridicamente analisando, o documento pode ser indeferido pelo magistrado. Outra chance é a de que Edson Giroto evite que seja citado na cerimônia e se autointime na mesma vara.


Repercussão e o caso

A Comissão de Legislação Participativa da Câmara Federal debateu nesta quinta-feira o falso flagrante de compra de votos armado contra o ex-deputado estadual Semy Ferraz (PT) às vésperas das eleições de 2006.
Escutas da Operação Vintém, da Polícia Federal, apontaram que pessoas ligadas ao governador André Puccinelli (PMDB) teriam plantado "santinhos" grampeados a notas de R$ 20 no carro de um assessor do petista. Até hoje, ninguém foi punido pelo crime. 

Na ocasião, a Operação Vintém da Polícia Federal constatou suposta teria sido feita por André Puccinelli Junior (filho do governador), Girotto, que na época era secretário municipal de obras da Capital, Mirched Jafar Junior e Edmilson Rosa.