Candidaturas da direita se atrapalham com o uso de aviões
O tráfego aéreo tem sido negativo para as campanhas eleitorais dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB-Rede Solidariedade), ligados à direita. Para o candidato tucano, o pouso e decolagem do jatinho de “um amigo da família”, segundo Neves admite, em um aeroporto na pequena cidade de Claudio, interior de Minas Gerais, significou a perda de pontos decisivos nas pesquisas de intenção de votos. Mas, para a líder acreana as consequências podem ser ainda mais desastrosas.
Mal começou e o voo de Marina Silva rumo à presidência da República já enfrenta uma turbulência capaz de obrigá-la a aterrissar. Uma reportagem na revista Época deste fim de semana levanta suspeita de crime eleitoral por parte do PSB, que permitiu o uso de um avião irregular, de prefixo PR-AFA. A aeronave caiu em São Paulo, no último dia 13, matando o então candidato do partido à Presidência, Eduardo Campos, e mais seis pessoas.
Documentos obtidos pela publicação revelam que o jatinho é de propriedade do grupo AF Andrade, do setor sucroalcooleiro, que se debate em meio a uma grave crise financeira. Este fato dificulta o entendimento de que fora ‘cedido’ para a campanha de Eduardo Campos e Marina Silva, que também utilizava a aeronave. Mesmo se fosse alugado, como a um táxi aéreo, o que não teria sido o caso, os comprovantes de pagamento deveriam constar nas prestações de contas apresentada à Justiça Eleitoral pelo PSB, o que não foi feito.
A revista, de propriedade das Organizações Globo, “procurou a campanha do PSB à presidência da República com perguntas sobre o uso da aeronave PR- AFA. Entre outros questionamentos, perguntou se a chapa fizera pagamentos para usar a aeronave, se arcara com as despesas de manutenção e se declarara tais despesas na prestação de contas eleitoral. Na prestação parcial, referente ao mês de julho, não há citação às empresas BR Par e Bandeirantes”, diz a reportagem.
Entre as perguntas destinadas pela publicação, estava o número de vezes que a candidata Marina Silva voou naquela aeronave e se ela conhecia quem a arrendara.”Até o fechamento desta reportagem, o PSB não respondera aos questionamentos”, afirma a publicação.
Segundo a legislação eleitoral, uma empresa não pode fazer doações de bens ou serviços sem relação com sua atividade fim. Por isso, uma empresa do ramo sucroalcooleiro, como da AF Andrade, não poderia emprestar um avião. Se o alugasse, teria de comunicar a Anac.
“A Anac não foi informada sobre nenhuma cessão onerosa da aeronave”, informou a agência, em nota.
A revista também ouviu um especialista em direito eleitoral, que falou até na hipótese de impugnação da candidatura. Para o especialista em direito eleitoral Bruno Martins, se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegar à conclusão de que houve omissão nas informações prestadas pela chapa, pode haver uma desaprovação das contas.
– Em último estágio, pode haver até mesmo a impugnação da candidatura – conclui.
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