Marina veta Caiado na sucessão presidencial
Na entrevista ao O Globo, Marina Silva disse que, se prosperar a contribuição da Rede Sustentabilidade à aliança com o PSB, é obvio que o (deputado Ronaldo) Caiado (DEM-GO) não se sentirá confortável nesse quadro, e imagino que ele já esteja se preparadno para ir para a candidatura do Aécio.” E prosseguiu: “Porque, obviamente, na cultura da Rede, não há lugar para um inimigo histórico dos trabalhadores rurais, das comunidades indígenas e para quem articulou a derrota do Código Florestal.”
Em outro trecho ao O Globo, Marina Silva diz que, primeiro aliança da Rede com o PSB, vai fazer, primeiro, um adensamento e um alimento que leve a um corte, “não imagino que seja a Rede e o PSB fazendo corte, mas os parceiros também têm o direito de dizer: olha, nessa nova configuração que está posta, coma chegada dessa ecochata da Marina, me dá licença que estou indo embora.”
A uma pergunta da Folha de S.Paulo, se sentia confortável com o apoio de Ronaldo Caiado (deputado identificado com os ruralistas) ao presidenciável Eduardo Campos, Marina Silva foi taxativa:”O Caiado e eu somos tão coerentes que, se a aliança prosperar comigo, ele mesmo vai pedir para sair, se é que não está pedindo.”
A uma pergunta do O Estado de S.Paulo se incomoda ficar na mesma órbita de Heráclito Fortes, Jorge Bornhausen e Ronaldo Caiado, líderes do DEM, Marina Silva diz não ter nenhum constrangimento. “A história e a trajetória de vida diz que Ronaldo Caiado, se a aliança prospera, ele mesmo vai pedir para sair, porque é completamente contrário às minhas ideias.”
EDUARDO CAMPOS
Já o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, também em O Globo, negou que haja aliança com o deputado Ronaldo Caiado, um dos maiores articuladores da votação do Código Florestal, o que bate de frente com o programa dos ambientalistas da Rede. De acordo com Campos, o que existe é um quadro específico em Goiás, onde o PSB integra o bloco da oposição, e que a aliança com a Rede pode mudar o curso do debate nos Estados.
Disse Eduardo Campos: “ Não há nenhuma aliança com o Ronaldo Caiado desse conjunto do PSB e da Rede, existe um quadro no Goiás, de um conjunto de partidos na oposição ao PMDB e ao PSDB que vinham discutindo e que, claro, com a aliança PSB-Rede, isso vai mudar o curso do debate na política nacional e nos Estados.” (Com agências Folhapress, o Estado e o Globo)
Caiado reage e retira DEM da terceira via com PSB no Estado
O deputado federal e presidente estadual do DEM, Ronaldo Caiado, comunicou, ontem à noite, ao pré-candidato a governador e presidente do PSB goiano, Vanderlan Cardoso, que o seu partido não integra mais a terceira via para a sucessão estadual às eleições de 2014, após os ataques que sofreu da ex-senadora Marina Silva.
Ronaldo Caiado disse não ter mais ambiente político para caminhar ao lado do PSB de Eduardo Campos. “Com a posição de intolerância da ex-senadora, não há mais possibilidade de estabelecermos aliança política entre o DEM e o PSB para a disputa eleitoral de 2014 em Goiás.”
O parlamentar evita fazer qualquer conjectura, neste momento, sobre os passos que o DEM irá dar em relação à sucessão estadual em Goiás, nem mesmo se ele mantém sua pré-candidatura ao Palácio das Esmeraldas. “Um passo de cada vez. Agora, estamos decidindo ficar fora da aliança com o PSB. Ao seu tempo, outros passos serão dados.”
O líder do Democratas na Câmara Federal, Ronaldo Caiado, em nota distribuída à imprensa, diz que o veto da presidenciável Marina Silva não é à sua pessoa, mas ao ao que represento, em três décadas de vida pública: o setor agropecuário e a liberdade de iniciativa.” E ressalta: “É preocupante que alguém, que postula a Presidência da República, seja intolerante e hostil exatamente ao setor mais produtivo da economia, responsável por 23% do PIB e por mais de um terço dos empregos formais do País.”
O deputado democrata enfatiza que a candidata tem razão num ponto: “somos, eu e ela, coerentes. Só que – e essa é nossa diferença – não sou intolerante. Não confundo adversário com inimigo.” Ronaldo diz que, em outro trecho da nota, “democracia não é política de terra arrasada, nem se aprimora em ambiente de duelo.”
O deputado sustenta que: “fui – e sou – um político afirmativo, jamais escondi minhas ideias.” E prossegue: “Mas sempre convivi em ambiente democrático e civilizado, sabendo lidar com o contraditório. Veemência não é intolerância. Frequentemente, bem ao contrário, a intolerância se apresenta com a veste da delicadeza.”
*Em defesa de Caiado, ruralistas acusam Marina de “truculência” e “agressividade” *
A presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, senadora Káta Abreu (PMDB-TO) acusou, ontem, a ex-senadora Marina Silva de “radicalismo e agressividade” por ter feito acusações públicas ao deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) –um dos principais nomes da bancada ruralista do Congresso.
Em nota assinada em conjunto com o presidente da Federação da Agricultura de Goiás, José Mario Schreiner, Kátia Abreu disse que Marina leva “calúnia e difamação” a uma campanha eleitoral: “A tolerância é imprescindível para elevar o ser humano à condição de civilidade. E se tolerância tem a ver com humildade ou, antes, dela decorre, é incompreensível que esta manifestação tenha vindo da cristã que Marina Silva diz ser”, diz a nota. No plenário do Senado, Kátia Abreu também acusou Marina de “truculência” ao criticar os ruralistas.
Na nota, Kátia e Schreiner também afirmam que “nada representa o atraso mais e melhor do que o preconceito contra o setor agropecuário”. “Esperamos a devida retratação da pré-candidata que tem revelado profundo desconhecimento do agronegócio brasileiro, pilar mais importante da economia nacional”, afirmam na nota.
Marina acusou ontem Caiado de ser “inimigo histórico dos trabalhadores rurais”, mesmo depois que o deputado havia declarado apoio à candidatura de Eduardo Campos (PSB) ao Palácio do Planalto. Marina se “(filiou)”: ao PSB no último sábado e não descarta compor chapa com Campos na disputa para a vice-presidência.
Para Kátia Abreu e Schreiner, Caiado é uma “legenda no Brasil rural” que tem como prática defender suas convicções. “Inadmissível que seja tratado como inimigo histórico dos trabalhadores rurais. É um homem de bem, parlamentar respeitado em tudo o que faz, coerente com seus princípios e que não traz uma única mácula em sua biografia”, diz a nota.