Cansei, também.
Cansei, cansei há muito tempo.
Cansei da história do relatório de Mister Link, afirmando que o Brasil não possuia petróleo.
Cansei de assistir à propagação dos gens da UDN que, através dos tempos, persistem como plantas daninhas, permeiando todos os movimentos contrários à politização do povo brasileiro e ao avanço das causas sociais, cujo êxito é indispensáveis para construirmos o grande país com que sonhamos, cujos arbores, agora, surgem.
Cansei das "lorotas" dos inimigos da luta capitaneada pelo herói eterno, o saudoso General Horta Barbosa, que tinha, como divisa, a expressão:
"O petróleo é nosso"!
Cansei de ouvir a nefasta proposição de que "o que é bom para o Estados Unidos da América do Norte, é bom para o Brasil"
Cansei do discurso udeno-lacerdista que precedeu a morte de Getúlio Vargas.
Cansei de relembara da "armação" destinada a impedir a posse de Juscelino, cujo movimento foi "abortado" pela pregação cívica do grupo militar do General Euclides Zenóbio da Costa que preparou o caminho para a ação enérgica e decisiva do Marechal João Baptista Dufles Teixeira Lott, com a participação de outros eminentes chefes militares legalistas, assegurando a posse do presidente eleito.
A conspiração udeno-lacerdista tinha, primeiramente, o apôio do Presidente João Café Filho, do PSP, partido de Ademar de Barros, que fora eleito Vice-Presidente, na chapa de Getúlio, tendo sucedido a este, no dia 24 de agosto de 1954 e, após ser impedido pelo movimento de 11 de novembro de 1955, fora substituido pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz que, face à linha sucessória, ascendeu à presidência da República, tendo se mancomunado com os golpistas, por isso, foi apeado do poder, também, dez dias, após.
Estes dois Presidentes e, seus séquitos, apoiavam as articulações do jornalista Carlos Lacerda, dos dirigentes udenistas e, dos militares simpatizantes, os quais pregavam, abertamente, a conspiração contra a posse do Presidente eleito, Juscelino Kubstchek de Oliveira, sob a alegação de que ele não obtivera maioria absoluta, condição ainda não prevista pela Constituição brasileira, no caso, a de 1946.
Cabe aqui, recordar que a esta altura, a UDN já fora derrotada em três eleições, em 1945 e 1950, com a candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes, perdendo para o General Eurico Gaspar Dutra e para Getúlio Vargas, respectivamente, enquanto, em 1955, o seu candidato, derrotado por Juscelino, era o General Juarez Távora que propusera a "revolução pelo voto."
A origem dos seus candidatos e as "cansei"...ras, de tantas derrotas sofridas, conduziram a UDN à busca, desesperada, da única alternativa, então viável, para ascenção à Presidência do país, a qual consistia na "apelação" para as Forças Armadas, face à constatação de tal ser impossível, através do voto popular, daí o apelido de alguns dos seus próceres, que se tornaram conhecidos como "vivandeiras dos quartéis".
Cansei da conspiração dos que se opuseram à posse do Vice-Presidente João Goulart, como previa a Constituição, quando da renúncia de Presidente Jânio Quadros, derrotada pela ação decisiva do, então Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, com o apôio de generais legalistas.
Cansei das pregações udeno-lacerdistas no pré-64 e de todos os movimentos que as reforçaram, cuja semelhança com o atual "cansei" não é, apenas, mera coincidêndia,
Cansei de saber que a CIA fornecia ajuda financeira para os opositores do Governo João Goulart, como comprovam seus documentos divulgados por essa agência americana, recentemente, segundo publicou "O Globo".
Cansei de ouvir, pessoalmente, os gritos histéricos de um major "aloprado", encarregado de IPM e dublê de torturador, durante ato de tortura a um médico de Guia Lopes da Lagunam-MS, o Dr Arruda, ordenando-lhe que colocasse a cabeça no vaso da privada, a fim de que ele pudesse dar descarga, para "eliminar suas idéias esquerdistas."
Cansei de ouvir, pelo rádio e ler nos jornais e no diário oficial, os "listões" de cassação dos melhores "cérebros" brasileiros, representado por políticos, intelectuais, jornalistas e cientistas, inclusive do Instituto Osvaldo Cruz, como o Dr. Massao Goto e outros, com base em atos institucionais, substituindo-os por políticos sem votos, representados por suplentes inespressisvos, entre os quais um deputado federal pelo Rio de Janeiro, detentor de menos de 200 votos, sem falarmos nos senadores e governadores biônicos, cujo legado é a sofrível qualidade dos integrantes de governos estaduais, prefeituras, do parlamento brasileiro, das assmbléias legislativas e câmaras municipais, que se apresentam, hoje, no menor nível de toda a nossa história.
Cansei de ouvir e ler, durante mais de 60 anos, o discursos da UDN e dos partidos, que preserervaram o seu ADN, que há alguns dias atrás, despojaram-se de siglas históricas, contaminadas por vínculo udeno-direitista, por constarem a inviabilidade eleitoral, apanágio de seu antepasado histórico, ou por dele se envergonharem, conservando, entretanto, ocultos, seu legado maldito e propósitos anti-sociais, ao se vestir "pele de cordeiro" para disfarçar sua condição do "lobo do povo e da democracia", como se fosse possível "tampar o sol com a peneira," pois como legado da sigla maldita, conservam, intactos, os gens.
Cansei de imaginar que o "cansei" deve se aproveitar do vácuo deixado pela extrema direita, para se tornar o legítimo herdeiro e sucessor do udenismo, podendo, mesmo, constituir o embrião de um futuro partido, capaz de perenizar os gens dessa corrente política que, desde 1945 tenta empalmar o governo do país, só o fazendo, em 1964, em conluio com a cúpula de militares udenistas (não com as Forças Armadas, que nunca se prestariam a tal papel) que, detentores dos canais hierárquicos, emitiram ordens, via radiograma, para o restante da tropa, a qual não restava senão, a alternativa de obedecer. até porque, foram preparados para isto.
Cansei, cansei de pensar sobre o que falta escrever para ajudar a repor a história nos verdadeiros trilhos.
Cansei, cansei mesmo. Amanhã continuarei.